Um
dia vou saber escrever, descrever, com a maciez suficiente, as
palavras doces que expliquem ao mundo, os verdadeiros sentidos
expressos nas curvas da tua pele. Até lá terei de contentar-me a
deduzir das sombras, os vultos e os contornos que fazem da beleza nua
do teu corpo, uma estatueta delicada e frágil, contudo, intensa e
poderosa. Embevecido contemplo-te, qual Deusa sentada no púlpito do
meu corpo, aprecio o detalhe, o fôlego que me falta, como se fosse
eu acabar-me ali, perante ti, tamanha é a emoção de ter-te.
Depois,
deixamos o silêncio invadir-nos, as respirações ofegantes,
distendem-se em calmos suspiros e os corpos despidos aconchegam-se no
abraço prometido, na dissolvência dos fluidos já por nós
derramados em espíritos amados e envolvidos no âmago dum leito
perdido num lugar escondido de nós próprios.
É assim que te desenho na penumbra do quarto, enquanto espero longas
horas acordado, pela alvorada que há-de levantar-me do nada, frio e
escuro deste confuso tormento onde todos os dias me sento e te
escrevo.
Por vezes não se encontram as palavras que tanto desejaríamos encontrar para descrever certas emoções, mas o importante mesmo é sentir-las e ter a capacidade de as fazer igualmente sentir...
ResponderEliminarDoces sonhos, um abraço...