Diria
de mim que sou vento que sopra no abraço da tarde, que sou folha que
paira no ar fresco da manhã, que sou estrela cadente que na noite se
precipita para escuro do teu olhar. Poderia pensar de mim que fosse
um anjo com asas arrumadas, tentando ser homem, procurando preencher
os meus nadas. Mas sei que sou palavra, escrita na folha imaculada,
que sou verso sem sentido no anverso do teu corpo. Sei que sou letra
tatuada na parede da tua alma, na pele despida do teu preconceito, na
brisa que é a saudade, o lamento, a eternidade. Depois, é nas ondas
do teu corpo feito de mar que me encosto, que flutuo como barco de
papel, com prosas descritas nas marés que navego. Sei que ser gente,
dói profundamente, porque se sente no corpo por aqueles que sabemos
ausentes.
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