É em silêncio que invento o teu corpo, os traços que riscam as folhas, os tons que se mesclam na água pintando cada detalhe, cada nuance, na curva mais apertada das tuas ancas. Apesar de não haver ruído percebe-se no ar o teu gemido ao seres pintada suavemente pelos pincéis dos meus dedos. Esta cumplicidade entre pintor e pintura é o sublimar do erotismo, um eu em nós que se faz de carícias, de tons, de traços indeléveis que percorrem o corpo como linhas imaginárias que nos unem, nos abraçam e nos comprimem, um contra o outro. Neste bailado, o branco do papel fica matizado, nesse momento ofereço-te a alma, que pinto no brilho da tua luminosidade e percebo como me olhas, com a cumplicidade dos amantes que se tocam num perpétuo instante.

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