Esta necessidade premente de tocar-te o corpo, de sentir o calor inerente ao tacto, ao fogo que alimenta o teu interior, faz de mim um dependente do teu beijo, do teu sabor. São raros os momentos em que a ponta dos meus dedos não inventa a poesia que sente cada detalhe desse instante, cada sulco suave dessa tangente rasante que delineio em redor da tua silhueta. Não sabes como o vapor do teu corpo alimenta a vida à superfície do meu, como a tua água, que escorre em inúmeras cascatas, alimenta este meu mundo interior, só assim me é possível fazer crescer as florestas, criar o nevoeiro que as abraça, e viver dentro deste imaginário que me encerra. É do teu corpo que me alimento, no toque manso dos beijos, do leve roçar de línguas que em sal de vida se enrolam, se devoram, num lânguido beijo molhado, é assim que todos os dias nasces em mim.

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