É no difuso momento da minha existência que percebo claramente os contornos do teu ser, é aqui neste lugar obtuso, onde tudo é turvo e confuso que encontro as linhas com que cubro a estrutura molecular da tua essência. Neste olhar penetrante com que fixo cada curva do teu semblante, percebo a infinita certeza de que és quem eu conheço, quem eu mereço ter em mim, como pedra incrustada no magma fluído da minha alma. As minhas mãos são os olhos dos sentidos quando deslizo por todos os teus caminhos, quando trilho os teus destinos com o fogo dos meus dedos que faz correntes de ar quente que descem das tuas entranhas em soluços de seiva branca. É assim que te escuto, mesmo no mais ténue murmúrio, é assim que te amo, neste leve pranto que nos entrega um abraço apertado entre nossos corpos.

1 comentário:

  1. Atonita numa vontade imperfeita, confesso que fiquei com vontade de partilhar todas essas suas palavras com um alguém…mas falta-me a fidúcia de outrora, talvez reduzir a pó algumas lembranças que me atulham os pensamentos, ó, não sei….Neste momento apenas sei, que vir lê-lo me faz voar desordenada para um local inesquecivel.

    …” É assim que te escuto, mesmo no mais ténue murmúrio, é assim que te amo, neste leve pranto que nos entrega um abraço apertado entre nossos corpos…”

    Como sempre, venho banhar-me neste Mar de Ondas, e continuo a achar fabulosa a sua forma de escrever.

    Num Suspiro, deixo-lhe um : )

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