Salto, desprendo-me do fio singelo do teu cabelo, para me precipitar sobre o declive do teu corpo, sinto o vento, intenso, percorrer-me a pele, enquanto sigo, rumo ao vazio, contemplo cada detalhe dos teus seios, caio consciente de que em ti me perco, nos teus relevos, nas tuas concavidades e desfiladeiros. Não temo o abismo porque sei que quando cair a teus pés, terei percorrido cada um dos teus poros nesta derradeira viagem pela tua encosta detalhada, pelo perfume da tua floresta. É fascinante perceber como mesmo em queda livre, tenho ainda tempo para sentir-te, no contorno que sem asas me esforço por perseguir, sem tocar nem ao de leve num pedaço da tua pele nua. Espero extasiado pelo próximo momento em que passo pelo teu ventre rumo ao acidentado vale do teu prazer, que é igualmente meu, e, mesmo a descer vertiginosamente, nesta aparatosa queda, tenho tempo para olhar para cima e ver como é magnificente cada protuberância que forma o perfil das montanhas do teu corpo, como é suave o contorno do teu rosto que me olha de soslaio, enquanto caio. Se tu soubesses a dimensão do prazer da minha contemplação, a razão por que te olho de forma diferente de toda a gente, perceberias porque me atrevo a atirar-me do teu promontório, abraçando o vácuo só para te perceber numa outra dimensão, percorrendo toda a extensão do teu ser.

1 comentário:

  1. eu só vim avisar que todas estas palavras são minhas, e todas elas com os sentidos postos, eu não devolvo mais. eu não devolvo mais pra quem quer que seja.
    maria
    ... é a hora que tudo posso, brincar, sonhar, viver, amar, acreditar.

    ResponderEliminar