Salto,
desprendo-me do fio singelo do teu cabelo, para me precipitar sobre o
declive do teu corpo, sinto o vento, intenso, percorrer-me a pele,
enquanto sigo, rumo ao vazio, contemplo cada detalhe dos teus seios,
caio consciente de que em ti me perco, nos teus relevos, nas tuas
concavidades e desfiladeiros. Não temo o abismo porque sei que
quando cair a teus pés, terei percorrido cada um dos teus poros
nesta derradeira viagem pela tua encosta detalhada, pelo perfume da
tua floresta. É fascinante perceber como mesmo em queda livre, tenho
ainda tempo para sentir-te, no contorno que sem asas me esforço por
perseguir, sem tocar nem ao de leve num pedaço da tua pele nua.
Espero extasiado pelo próximo momento em que passo pelo teu ventre
rumo ao acidentado vale do teu prazer, que é igualmente meu, e,
mesmo a descer vertiginosamente, nesta aparatosa queda, tenho tempo
para olhar para cima e ver como é magnificente cada protuberância
que forma o perfil das montanhas do teu corpo, como é suave o
contorno do teu rosto que me olha de soslaio, enquanto caio. Se tu
soubesses a dimensão do prazer da minha contemplação, a razão por
que te olho de forma diferente de toda a gente, perceberias porque me
atrevo a atirar-me do teu promontório, abraçando o vácuo só para
te perceber numa outra dimensão, percorrendo toda a extensão do teu
ser.
eu só vim avisar que todas estas palavras são minhas, e todas elas com os sentidos postos, eu não devolvo mais. eu não devolvo mais pra quem quer que seja.
ResponderEliminarmaria
... é a hora que tudo posso, brincar, sonhar, viver, amar, acreditar.