Este
é o espaço ínfimo onde te espero, nesse milímetro exíguo, nessa
turva distância entre o meu beijo e a tua boca, entre os meus dedos
e o teu corpo que aguardo pelo toque esperado, desejado, querido e
requerido por todos estes milénios. Não tenho pressa, esta
distância é mais que certa para sentir o calor que emana a tua
aura, para perceber a vibração constante em que escorre o teu
sangue pela nudez clara da tua pele. Espero apenas pelo tempo certo,
pela madurez necessária para poder saborear o mel que teu corpo
trabalha, elabora, jorra e concatena na ponta última do teu abismo.
Nem mesmo os gritos do mundo lá fora me desviam o olhar consentido,
esta ponte invisível que já nos cola, nos enrola e nos abraça no
sentir partilhado de quem está já, completamente enleado nas teias
que se apertam. Não respiro, suspendo-me por instantes, mesmo antes
de deixar que a leve brisa me empurre, impregnando-me da tua pele
nua, da tua saliva morna, do teu deleite que já escorre na ponta dos
meus dedos, mesmo antes de te fazer agora, minha.
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