Há
no ruído que contorna o meu corpo, uma amálgama de sons que tentam
distrair-me, abstrair-me e fazer-me perder da essência que delineia
o perfil do teu sorriso. Mas é impossível desviar o olhar, sequer
respirar mais que um breve gole de ar, porque não quero que os meus
olhos pisquem, não quero que a imagem trema, e que a projecção
perfeita dos teus lábios na minha retina seja abalada pelo colapso
dum grão de poeira, ou sequer de vidas inteiras. Neste momento não
estou para o mundo, mesmo que qualquer avalanche me queira soterrar,
um sopro há-de bastar, para desviar qualquer catástrofe que queira
fazer-me mover um músculo que seja. É com fervor que te adoro, como
quem se entrega à fé do teu semblante, como peregrino errante que
vagueia pelo deserto, sabendo que a qualquer momento descerás sobre
mim como um sacrossanto anjo para me abraçar, para me confortar e me
levar para o paraíso prometido. Hás-de salvar-me a alma, beber-me o
corpo, como se fosse feito de água, e, guardar-me-ás no teu âmago,
numa noite de tormenta, em que nem que o mundo desapareça, algo nos
afastará. Depois desse instante, nada mais poderá existir, que tu e
eu, e o nosso porvir.
"guardar-me-ás no teu âmago, numa noite de tormenta, em que nem que o mundo desapareça, algo nos afastará." Profundamente...
ResponderEliminarPerante a descoberta de cada dia da Grandeza dos textos, nada mais encontro a dizer.
Um abraço e um sorriso