Não deduzo na tua silhueta nenhum vazio, nenhuma treva, apenas a
curvilínea fantasia que inebria os meus sentidos. Poderás dizer-me que
caio em tentação, que me prendo ao profano, perdendo-me do sagrado, que
sou demónio em vez de anjo, mas, confesso que não sei viver de rectas,
cantos e esquadros, prefiro a curvatura da pele, a ergonomia da sombra
quando se estende pelo teu corpo e revela os detalhes perdidos,
escondidos da luz eterna. Gosto do fogo, da labareda, no frenesim de
agitação que o ar lhe provoca, é assim que tu me geras essa energia
cinética que me faz vacilar, oscilar na contraluz do teu corpo que sobre
mim pousa com a convergência do encaixe que só as concavidades preenchem
as convexidades. Não quero saber da perfeição, de quão almejada é,
apenas me importa a pele que veste a tua alma e essa fusão que é em nós
equilíbrio entre fogo e paixão.
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