Perfilo-me na estranha saliência que o teu corpo provoca no ar ao caminhar, sigo, como se fosse detrás do teu passar. Vou, absorvendo os detalhes, as curvas e os instantes em que te constróis como ponte oscilante sobre o vazio enorme do vale que se forma no meu corpo côncavo. Vem, deixa-te tombar sobre a nudez do espaço, como se fosses cometa em aproximação ao Sol que te derrete os sentidos e te faz entrar em combustão. Anda, vem ter comigo, colidir com o meu corpo despido numa erupção ancestral de momentos delirantes, em que ambos somos amantes, amados, fundidos, enrolados no turbilhão desta espiral galáctica pontilhada com o brilho dos teus olhos.

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