Abstraio-me do ruído envolvente, o mundo lá fora suspende a respiração, quer também ele sentir a tua emoção. Este momento emergente propaga-se na penumbra da atmosfera, pejada de perfumes, de sabores, de pequenos nadas que fazem todas as diferenças serem importantes, no instante em que os corpos se tornam amantes. Esta complexidade reclama dos sentidos toda a intensidade, dos gemidos toda a genuinidade, para que o mar possa fazer-se soar nas ondas e espasmos que investem contra os contornos dos corpos desnudos. Este balanço, em ritmos de tango, persegue-nos em todos os passos, em todos os abraços, fazendo dos beijos rios que resvalam dos lábios em catadupas de prazer. Abro-te a porta da luxúria, como chave em fechadura, quero desflorar-te em novos mundos, quero preencher-te com os fluidos com que te inundo. Este é o sentido do êxtase, abrir-se de par em par, ser-se único exemplar no momento de aos ventos gritar.