É profundo este oceano em que mergulho quando te vejo. Esta sensação de imersão que teu corpo translúcido me oferece. Nesta ínfima distância que nos separa, neste ângulo agudo em que me perco no teu mundo. Este grito calado com que te pressinto, este momento alado em que te velo, é o prazer ultimado de quem sabe como é sublimado o amor em ti plantado. Neste silêncio, de cumplicidades e olhares, de toques na ausência do ar, inspira-se sentimento, percebe-se o tormento de não poder tocar o desejo, de não poder absorver este ensejo de te ter. Depois, fica a sensação amarga, de não poder trilhar todos recantos da tua ilharga. Desfaleço na saudade, nesta dor dilacerante de ser apenas prazer, de ver, de imaginar, de sonhar ter-te. Visto-me do silêncio, da abstracção e da loucura com que sustento os dias, fechado na clausura do meu pensamento, que em ti é vento que percorre a transparência desse tecido que te veste, que meus olhos despem vezes sem conta, na beleza do teu reflexo de menina, mulher e amante, sempre frágil e sensível, sempre bela e dilacerante.

1 comentário:

  1. Meu poeta querido

    Por entre a limpidez do murmúrio das águas...esperas a próxima maré para acolheres nos teus braços o luar desses olhos e nas tuas mãos prenderes todos os sonhos em imagens que acendem todas as lembranças de todas as palavras escritas no silêncio de um olhar.
    como sempre adoro ler-te.

    Beijinho com carinho
    Sonhadora

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