Desencanto nas curvas pronunciadas de palavras não ditas, os desenhos com que moldo o ar, com que faço o teu corpo respirar, no ofegante estímulo do ritmo que imprimimos às vontades. Este embalo, como ondas que na praia da pele se deixam desmaiar, é balanço que oscila o encanto do nosso barco, feito leito onde ousamos arriscar afogar-nos de prazer. É aqui, no mais profundo siso, que tomamos consciência do infinito, que descobrimos no toque suave dos dedos, nas velas que queimam em mar aberto os ventos do norte, que nos impelem a ser mais sul, mais tropical, mais quente e incidente, neste momento de tanta vontade silente. Como sabemos o rumo se não usamos mapa? Navegamos em função dos sentidos, seguindo instintos, corpo a fora como se fôssemos deitar-nos ao mar, pela borda dum mundo que acabamos de inventar. Atreve-te, deixa-te ousar, anda, faz-me gritar bem alto como é intenso este fogo que explode das nossas entranhas.

2 comentários:

  1. O instinto guia a vontade de ser tudo, mas o pensamento a impede... maldito ser racional que somos.

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  2. Meu querido Poeta

    Como dizer-te que as tuas palavras são eternas...entrelaçam carícias...murmuram ternura...gritam ilusões e sussurram amor...são a tua alma tatuada no tempo...são o útero do pensamento...dos teus poemas desprendem-se luares de Outono...sedes acesas na boca...sonhos escorrendo das mãos...entre o corpo e o gesto...eternizando os instantes.
    Como diria Manoel de Barros “Fazes a pedra dar flores”

    Beijinho
    Sonhadora

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