Há
sempre um tempo passado, entre um traço e o outro. Há sempre uma
abraço apertado entre um encontro e o outro. Estes momentos que
parecem vazios, são contemplações, recordações e estios, para
que possa olhar-te, saborear-te em cada detalhe. Estes instantes em
que me perco vendo a roupa escorrer-te o corpo completo, descobrir-te
a nudez, na perfeição dum risco que o Criador fez. Quem me dera ser
capaz, de expressar a minha eloquência, com essa premência com que
Ele o fez. Sou apenas um aprendiz, um mero fazedor de prosas, um
simples contador da história da tua beleza, por isso tento fazer-te
à Sua imagem e semelhança, Deusa. O tempo dá-me a paciência, os
erros a sapiência, e os anos a capacidade de assistir à maturação
do meu pensamento, à asserção do teu sentimento que enaltece a
obra prima que és. Por isso, sempre que há um segundo, uma hora, um
século entre um toque e um beijo teu, fico, quieto, neste mundo tão
meu, degustando um prazer tão nosso, de te ver simplesmente com a
ponta dos meus sentidos.
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