A fusão das almas é um rio de águas calmas, em que cada parte de nós se difunde, se solta e se funde em espessos abraços no corpo do outro. Não, não somos mais disformes, pedaços soltos de tantos outros corpos, mescla de vidas, tantas outras almas, e destinos, agora, aqui, envoltos nesta calda fervente, somos apenas uma só gente, um só corpo, reconstruído com as mãos um do outro.
Sabes meu amor, o agora é apenas um momento de fulgor, mas tu, eu, somos ancestrais, almas vivas de outro cais, atravessando oceanos de turbulências para se entregarem neste mar, feito de calmas marés, de tantas outras vontades que abraçar-nos não significa apenas tocar os corpos, cingir-se a um só movimento, mas diluir-nos nos átomos da nossa essência e fazer de nós nova criatura que emerge com ternura da placidez deste lago.
Quando a madrugada vier, despertar o nevoeiro que nos cobre, a manhã em nós descobre um novo ser, um novo amanhecer. Esta alvorada encontrar-nos-á juntos, eternos amantes, perfeitos amigos, almas unas que num só corpo se partilham.


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