Hoje quero que me sintas como se o meu corpo fosse água das chuvas, que se precipita em suaves gotas sobre a tua pele nua. Quero molhar-te suavemente, cobrir-te por completo, envolvendo cada detalhe, contornando cada convexidade da tua existência. Não temo ser absorvido, pelos poros agora despertos, pois é meu desejo impregnar-me em ti, deixar-me ficar, nesse íntimo abraço que nos cinge.
Hoje quero balançar-te em meu regaço, como quem embala um corpo cansado das agruras da vida, quero ser teu leito, teu mais profundo desejo, enlace perfeito de quem dorme, sem medo. Quer ser a tua intimidade, essa profunda saudade de te habitar, de querer ficar eternamente dentro de ti.
É nos espasmos do teu corpo, na turbulência inexplicável que o amor nos provoca, quando os corpos se roçam em lânguidos movimentos, que juntos tocamos as estrelas. Nesta perfeita cumplicidade entre o palpável e o essencial, entre o puramente profano e o divinamente santo, percebo a dimensão imensa da tua existência, desta minha vivência que em ti mora, desta saudade enorme que a tua ausência me aporta.


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