Neste mar interior, que banha as entranhas dos sonhos e inunda de prazer as vontades do teu corpo, há correntes que me arrastam, de um lugar a outro, como barco em deriva prolongada. Neste sítio húmido, onde a luz é quase nada, balanço com o ondular do teu corpo, como habitante perdido num destroço de navio. Roço com suavidade as paredes dos teus limites, essas pregas quentes por onde escalo, procurando o caminho que há-de levar-te ao delírio dos sentires. Sou em ti vulcão, lava morna que derrama pela encosta resvaladiça desse âmago profundo e fecundo onde deixo a semente do meu futuro.
Cá fora, as peles são alegorias, cheias de perfumes e fantasias, de êxtase e clímax de prazer, num amassado de congeminações, permissões e devaneios que enlouquecem a libido em abraços desvairados e gemidos gritados em uníssono. Esta intensidade é a forma mais plena de amar os corpos, partilhando-se, dando-se até que as forças nos desfaleçam e a Noite, o dia amanheça.



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