Se eu pudesse, inventar-te-ia em prosa, em poesia. Se eu fosse inventor, criar-te-ia do ar, com cabelos de vento, e corpo de areias macias. Mas, sendo tão pouco quanto sou, resta-me fazer-te na imaginação dos meus relatos, neste momentos em que paro e sinto, como é lindo poder imaginar-te, como cresces dentro de mim, como árvore num majestoso jardim. Teu corpo, vertente inclinada, com suaves montanhas debruçadas sobre o meu peito, é mundo invertido, céu esculpido numa nuvem qualquer. Eu, prado verdejante, de olhar lancinante perscrutando constelações, fazendo combinações de estrelas, como se fossem elas átomos da tua pele. Não sabes do que seria capaz, da força, da energia voraz que em vagas de criatividade impulsiona este mundo de fantasia que desenhei no meu pensamento, e onde tu és nele, monumento que venero.
Espera, não vás já, apesar do dia reclamar os meus sentidos, quero ficar aqui, por mais uns instantes, contigo, num singelo abraço inventado no regaço deste nosso mundo, confluindo para uma sã loucura que é esta minha forma de ternura. Espera, deixa-me afagar-te a pele, polir-te o corpo ainda riscado a grosso pelos traços do esboço, quero fazer-te Rainha, Deusa divina que em mim há ficar, para sempre.


1 comentário:

  1. E se o desenho que traças com os sentidos da tua alma se corporizasse e te abraçasse de verdade?

    Astrid

    ResponderEliminar