As
sombras determinam a complexidade com que a luz se verga aos
contornos da tua pele. Esse silêncio que apenas a luminescência
compreende, propaga-se infinitamente sobre a perpendicularidade do
meu olhar atónito. Perpetuaria o toque como forma de eternidade,
promulgaria para sempre, o prazer que se sente ao caminhar sobre as
coordenadas elípticas que te invento, no corpo molhado, sedento de
ser tocado.
Suspender
a progressão do tempo, para tornar este momento único, deleitante e
profundamente delicado, como delicada é a dança dos corpos
celestes, que em derivas perfeitas se contornam, se roçam, chegando
a chocar, fundindo-se no prazer desse abraço imortal.
A
arte pode ser efémera quando sabemos que a escultura que
contemplamos se agita, se
dissipa na névoa dos tempos, perdendo-se a cada momento, a unicidade
da beleza do instante.
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