Fecho-me, sobre a curvatura do corpo, como uma concha que protege a sua pérola mais preciosa. Guardo-te, no profundo âmago, no secreto e lúgubre quarto onde te amo. Neste pedaço de espaço, confinado às paredes da alma, aos lençóis que abrigam a cama, faço-te minha, vestindo-te o corpo com carícias, dando de beber à tua boca, beijos de prazer, e tomando o mais íntimo recanto do teu corpo para mim, mergulhando, profundamente na génesis da tua essência, lugar-comum onde somos fogo, erupção e êxtase.
Resguardo-te, como se temesse que o mar em fúria te arrancasse dos meus braços com a força das suas vagas, como se fosse meu o medo de existir, nesta oscilação que o oceano lá fora provoca aos corpos dentro desta nau feita de sonhos e desejos. Por isso te protejo quando te amo, quando te toco e me perfumo dos fluidos do teu corpo, para que nenhum maremoto possa levar-te para o largo, para que sempre permaneças nesta ilha que é o meu corpo, o meu espírito, nesta casa que é a nossa alma comum.


Sem comentários:

Enviar um comentário