Não sei se me escutas, por entre os teus pensamentos, se ouves o ruído da minha alma quando percorre os corredores das tuas memórias. Não sei se me entendes quando te falo, no silêncio da minha voz, onde as palavras são preenchidas de sentidos e as emoções são cascatas que escorrem pelas montanhas do teu corpo, precipitando-se nos vales férteis do teu ventre. Ainda assim, continuo a tatuar as paredes do teu corpo, com a ponta dos meus dedos, desenhando as letras que te escrevo, noite após noite, em sonhos que mais parecem alucinações. Continuo, lançando mensagens contidas em recipientes de vácuo, neste mar agitado que há-de levar-te os meus textos, à deriva por oceanos de saudade, como barcos a caminho das descobertas de mares por navegar.
Esta epopeia, é empreendimento solitário, viagem sem retorno que me proponho, na solidão dum quarto, onde a música me guia e as vozes são marinheiros gritando no convés dum navio, muito abandonado à sorte de te encontrar como enseada. Hei-de ancorar na praia da tua vontade, fundear o meu corpo em teus braços e afogar-me nas vagas dos teus cabelos, para perecer, qual náufrago sobre teu peito despido, acolhendo o meu corpo ferido pelo fogo da nossa paixão.


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