Nada
poderá descrever a forma como a chuva escorre pela pele, como em
soluços desce, contornando cada poro, aglutinando outras gotas,
formando fios de água que serpenteiam pelo corpo nu, confluindo em
rios alvoraçados ao chegar a protuberâncias estreitas e contidas,
absorvendo o calor, precipitando-se pelo vazio até se disseminar no
oceano onde mergulhamos. Se os meus dedos resvalassem assim, por essa
maciez que te compõe, descobririam em cada detalhe, a certa palavra
para te escrever, rios de tinta, sobre essa nudez imaculada que em
sombras declamada, que é brilho fulgente de quem sabe e sente, como
deixar-se tocar profundamente.
Poderia
a poesia possuir a poetisa?
A
loucura enlouquecer este louco? Que por ti se desfaz em hipotéticas
metáforas, tentando criar-te a cada dia um novo mundo. Ilustrado de
letras, que são como árvores, de palavras que deslizam num mar de
emoções, como barcos em alto mar. Áh se eu pudesse construir-te um
planeta colorido, dar forma à vida, plantando as árvores da tua
floresta, pintar de azul o teu céu e nele fazer voar os pássaros,
poderias dizer que seria criador, ou simplesmente um ilusionista que
das letras faz emoções.
Um
dia hei-de esquecer-me do corpo e dedicar-me a viver apenas de
palavras escritas, nesse dia, a poesia será vida em ti, poetisa.
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