Rios em alvoroço,
barcos que escorrem como dedos cheios de tinta sobre telas despidas,
vácuo, presságio que em delírios azuis sobre entardeceres te
pinto, como se arte fosse esta magia de dentro de ti me tatuar. Não
sei se este navegar é plácido, ou se este meu mar ancestral, onde
teu corpo vens mergulhar é salgado como as lágrimas que o sorriso
faz soltar, mas sei que nos entretantos do tempo, ruge uma
eternidade, e que no alto do céu, o Sol é o brilho cálido do teu
olhar. E a Lua? Perguntar-me-ás, a Lua é branco matizado a prata
que no lago do olhar se desfaz em perpétua emoção, essa mesma
sensação de arrepio que te provocam as palavras que te escrevo, que
tu gritas, num voo sagrado rumo ao Indico, oceano das promessas agora
feitas no alto da queda, que asas desvairadas proclamaram para uma
viagem cheia de nadas, mas com tantos momentos de plenitude.
Assim é o murmúrio
que escutas ao falar-me, quando parece que lado a lado caminhamos,
assim é o tempo, esse vento ancestral que te semeia, e me colhe, nos
tolhe, nesta torrente estranhamente bonita de energia cósmica, nesta
avassaladora sintonia que nos possui no orgasmo cósmico. Nasço em
ti, como árvore de folha perene da qual brotarão os frutos desta
migração, desta miscigenação entre mundos, é aqui que o ontem se
funde com o amanhã e a vida começa, hoje!
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