É
permanente o influxo que percorre os sentidos. Esta vontade de
expirar o que está contido, em ar comprimido contra a arca do peito.
Sabes a sensação? Essa respiração suspensa para que não se agite
o ar e se perca o momento de contemplação do teu olhar. Esse acto
de constrição que guarda todos os sentidos no abraço da carne
contra o espírito, fazendo bombear, acelerado, o coração. Esse
silêncio imperturbável que preservo quando te vejo, é o reflexo da
adoração com que te amo, da profundidade com que te sinto, da
leveza com que te tomo.
Sabes,
o meu olhar contorna-te, perseguindo a sombra deste Sol que te
projecta,
silhueta perfeita, no chão do meu caminho. É abrasador este fogo
que por dentro alimenta a fornalha do desejo, sangue que, no carmim
do entardecer, percorre as veias deste corpo em constante ebulição.
Percebe-me, no chegar da Noite, no vaguear das estrelas que ardem nos
céus do mundo que construímos com as nossas próprias mãos.
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