Envolto no mistério que é névoa em teu corpo, divago pelos silêncios feitos de noites calmas e de cálidas oscilações do teu ventre que como um lago, repousa com a suavidade tépida da água do oceano que te preenche. Saberia descobrir muito mais da tua magia se tivesse nos meus dedos o tempo, e no meu corpo a velocidade necessária para atingir a luz que emana do teu olhar.
O amor é propício à contemplação, sem que haja necessidade de declamação, de interjeição ou exclamação. Apenas porque é ele próprio arte, contempla-se, com a distância certa e o ruído correcto do marulhar das folhas nas árvores desse secreto jardim, onde escondes a porta de acesso ao mundo interior governado pelos teus instintos.
Sinto, profunda admiração, quase veneração, pela mais singela pose do teu corpo, por aquele olhar de soslaio com que me perguntas porque te olho, pelo agitar dos teus cabelos ao vento, ou tão-somente porque te vejo profundamente dentro da Alma e sei porque nasceste, porque viestes e exististe aqui e agora, na minha frente, neste momento tão sublime e diferente do resto da vida que nos passa ao lado.