Percorro-te a alma como a areia percorre o deserto, mar imenso de dunas onde lanço as minhas runas. Leio-te o destino, sei de onde vens, para onde vais, que caminhos tomas quando sais. Conheço os teus becos e vielas, travessas que atravessas, ruas que cruzas na azáfama da tua busca. Conheço as tuas mezinhas, a alquimia com que cozinhas os elementos essenciais, preciosos metais que magicamente modificas. Ambos conhecemos todos estes materiais, energias voláteis que em conjuros agitamos, como se fossem nevoeiro de prantos, ou símbolos gramaticais que inventamos no círculo zodiacal. Não basta que te escondas, que em silêncios resguardes a tua alma, saberei sempre o teu pensamento, o teu lugar, a tua fragrância, por mais que a dissimules por entre outros perfumes, por mais que a queimes em diversos lumes. Um dia usarei a pele que me veste para tocar a tua, nesse momento silente, ficarás nua e brilhante.

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