Ainda sinto no corpo o calor do teu abraço, a forma aconchegante como as linhas construídas na tua pele se encaixam por entre as extensões do meu corpo. Escuto ainda a respiração tranquila, a essência mansa de quem descansa numa curva do tempo. Sabes, há tanta forma de amar, que a mais bela e singela se encerra na forma como os corpos se sabem abraçar. O encaixe perfeito entre quem se entrega, deixando o corpo à mercê do instante em que tudo se encaixa na perfeição dum suspiro. Os meus dedos lembram-se da textura macia da tua pele, o meu olfacto visita ainda a fragrância do teu perfume, neste encosto de mundos, neste aportar de sentidos que por breves minutos foi enlaçar os corpos.
Este bailado silencioso, em que a forma estática dos corpos oscila em milímetros dum prazer indescritível, é dança delicada, como folhas soltas desprendidas em turbilhão, oscilando no nada.
E ali ficámos, presos àquela pequena eternidade, num misto de amor e saudade, de quem sabe que vai, que parte, pela estrada da vida, de quem fica, a chorar por dentro, ainda.



2 comentários:

  1. De quem fica a chorar por dentro ainda...

    Ainda! é sinal de que Permanece boas lembranças.

    Sempre bom voltar aqui!

    Saudades imensas!

    bjo!

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  2. Poeta,
    envolvente como um abraço o teu texto de hoje.
    a música que colocaste hoje me trouxe muitas recordações.
    beijos,
    maria

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